O estereótipo da beleza atualmente exige mulheres cada vez mais magras. Em busca desses padrões, muitas pessoas exageram e cometem verdadeiros absurdos para adequarem-se à moda. Porém, nem sempre os excessos são apenas uma questão de vaidade.
O Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Ambulim) estima que, ao longo da vida, entre 0,5% e 4% das mulheres terá Anorexia Nervosa, e de 1% a 4,2% destas pacientes apresentará Bulimia Nervosa.
A parcela mais atingida são mulheres, que apresentam maior probabilidade de desenvolver transtornos alimentares. Os dados do Ambulim revelam que aproximadamente 30% dos obesos em tratamento apresenta descontrole alimentar com ingestão compulsiva de grandes quantidades de alimento, com sensação de perda de controle.
“A Anorexia é uma doença de adolescente e adulto jovem, que aparece geralmente entre os 12 e 18 anos de idade – 90% são meninas”, explica o coordenador do Ambulim e professor de pós-graduação do Departamento de Psiquiatria da FMUSP, Taki Athanássios Cordás. “A paciente com Anorexia tem o peso abaixo do normal. E, apesar disso, busca sempre o emagrecimento. Ela corta a alimentação, usa laxantes, diuréticos e pratica exercícios físicos excessivamente. Mesmo estando extremamente magra, se reconhece ou se acha muito gorda.”
Esta doença apresenta risco de mortalidade em torno de 5% a 15% dos casos, ao contrário da Bulimia, com índices ainda desconhecidos. Cordás explica que a Bulimia é uma doença de adulto jovem, na faixa entre 20 e 40 anos – 90% a 95% dos casos são mulheres. “São pessoas com o peso normal, mas que se preocupam excessivamente com o peso e com a imagem corporal. Passam o dia fazendo dieta ou jejum e, de repente, vão para a geladeira e comem tudo o que vêem pela frente. Se nós comemos uma média de 2.000 a 2.500 calorias por dia, uma pessoa com Bulimia pode comer de 5.000 a 15.000 calorias num episódio desses.”
Depois da ingestão compulsiva e indiscriminada de grande quantidade de alimento em um curto período de tempo, o bulímico utiliza-se de métodos inadequados de compensação, esperando com isso eliminar as calorias ingeridas. “A anoréxica vai para o hospital arrastada pela família. A bulímica, depois de 4 ou 5 anos, começa a apresentar problemas físicos e psicológicos. A paciente procura ajuda em função das complicações, e não do quadro”, relata Cordás.
Dentro de um quadro de Bulimia Nervosa, pode-se notar alterações do sistema gastrointestinal, como esofagite, gastrite e sangramentos intestinais, alterações hormonais e psíquicas – depressão, ansiedade são aspectos muito comuns apresentados por esse tipo de paciente. Além disso, o bulímico apresenta alterações dentárias muito peculiares. |
Como explica a Cirurgiã-Dentista Maria Lúcia Zarvos Varellis, as faces dos dentes devem ser muito bem analisadas durante o exame clínico. Isso por que uma desmineralização do esmalte sem causa aparente, por exemplo, pode ser indício de Bulimia. “Pode-se observar também a orofaringe constantemente irritada, sugerindo o esforço feito para induzir o vômito. Esses pacientes apresentam ainda um quadro de xerostomia.” A Cirurgiã-Dentista explica ainda que existem casos em estágios mais avançados, com exposição do conduto nervoso do dente, e outros em que a cúspide palatina fica totalmente corroída. Tudo isso devido aos constantes episódios bulímicos em que se tenta compensar com o vômito o comer compulsivo.
“Esse é um diagnóstico que o Cirurgião-Dentista deve pensar, principalmente quando está atendendo mulheres jovens, abaixo do peso ou com uma grande preocupação com a estética, e que tenham desgastes ou outros problemas dentários não justificados com outras causas”, alerta Cordás. “É o ácido clorídrico chegando à boca que leva ao desgaste dentário”. O médico sugere aos Cirurgiões-Dentistas que encaminhem essas pacientes para avaliação, sendo o psiquiatra o profissional responsável pela equipe multidisciplinar que tratará de um paciente bulímico ou anoréxico. “A parte psiquiátrica é a avaliação da superposição de outras doenças, como depressão, fobia e transtornos obsessivos compulsivos, que estão muito associados.”
Tanto nos casos de Anorexia quanto de Bulimia, o paciente tem uma distorção de sua imagem corporal, e mesmo de suas atitudes e sentimentos com relação a essa imagem. Cordás diz que, muitas vezes, as pacientes descrevem essa compulsão como se fosse o efeito de uma droga. Algumas chegam a relatar que seriam capazes de matar alguém que as impedissem de comer num desses episódios bulímicos.
“Esse é um diagnóstico que o Cirurgião-Dentista deve pensar, principalmente quando está atendendo mulheres jovens, abaixo do peso ou com uma grande preocupação com a estética, e que tenham desgastes ou outros problemas dentários não justificados com outras causas”, alerta Cordás. “É o ácido clorídrico chegando à boca que leva ao desgaste dentário”. O médico sugere aos Cirurgiões-Dentistas que encaminhem essas pacientes para avaliação, sendo o psiquiatra o profissional responsável pela equipe multidisciplinar que tratará de um paciente bulímico ou anoréxico. “A parte psiquiátrica é a avaliação da superposição de outras doenças, como depressão, fobia e transtornos obsessivos compulsivos, que estão muito associados.”
Tanto nos casos de Anorexia quanto de Bulimia, o paciente tem uma distorção de sua imagem corporal, e mesmo de suas atitudes e sentimentos com relação a essa imagem. Cordás diz que, muitas vezes, as pacientes descrevem essa compulsão como se fosse o efeito de uma droga. Algumas chegam a relatar que seriam capazes de matar alguém que as impedissem de comer num desses episódios bulímicos.
Fonte: http://bibliotecademedicina.com.br
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