segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Biossegurança é proteção para profissional e paciente

É indiscutível a necessidade de zelar pela própria saúde, e a cada momento a preocupação torna-se uma alternativa de preservação da vida, diante das inúmeros moléstias infecciosas em circulação no mundo. Preocupados com isto, os profissionais da área odontológica têm trabalhado no sentido de conscientizar não só os dentistas, mas também os usuários dos serviços de odontologia, da importância de freqüentar ambientes onde a biossegurança - caracterizada por um conjunto de normas e procedimentos considerados seguros e adequados à manutenção da saúde em atividades de risco - seja uma realidade. O assunto ocupa todas as classes médicas e serviços de saúde de qualidade, e é hoje uma preocupação mundial. De acordo com a biomédica paulista Lusiane Camilo Borges, consultora em biossegurança, microbiologista e cirurgiã-dentista, é preciso estar atento ao alto risco de contaminação a que estão expostos profissionais de todas as áreas. “Não se pode fechar os olhos para as hepatites viróticas, especialmente as dos tipos B e C”, diz ela.




"Precisamos multiplicar essa idéia de controle de infecção e biossegurança na clínica odontológica e as APCDs são o melhor caminho “, reforça Lusiane. A especialista afirma que no mundo já foram notificados 170 milhões de infectados pelo vírus da hepatite C e meio bilhão pelo vírus da hepatite B, sendo que 350 milhões são portadores crônicos. No Brasil, 4 milhões de pessoas são portadoras da Hepatite tipo C, considerada a doença do terceiro milênio, cuja vacina até agora não se descobriu, em função da complexidade imunológica. Somam-se a estes números os casos de contaminações por HIV, uma realidade desde a década de 80, época em que os cirurgiões-dentistas começaram a refletir mais sobre os riscos de contaminação em serviço. Mas a preocupação, hoje, não se restringe apenas aos profissionais. Os próprios pacientes já pré-selecionam os consultórios e serviços médicos a partir das condições de higiene e limpeza.

A analista de sistemas Luíza Andrade Marinho, 32 anos, explica que não daria continuidade a um tratamento odontológico se não estivesse completamente ciente da qualidade e da aplicabilidade dos cuidados básicos para evitar a contaminação por meio de equipamentos ou mesmo do próprio profissional. “Imagina se vou deixar o dentista colocar um aparelho daqueles na minha boca sem antes ser esterilizado. Morro de medo de doenças, por isso, mesmo ao falar comigo, o dentista já tem de estar de máscara e luvas, do contrário, peço licença e não volto”, afirma. Segundo Lusiane Borges, que é diretora científica da APCD de Santo Amaro, a atividade do cirurgião-dentista expõe seus pacientes, sua equipe, ele próprio e seus familiares a um universo microbiano altamente agressivo. Apesar de expor essas pessoas a sérios riscos de contágio de doenças graves, grande parte dos profissionais ainda mostra-se resistente à adoção de medidas de controle de infecção.




Para o cirurgião-dentista Sílvio Henrique Hueb da Silva, presidente da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas de Rio Preto, o profissional que se opõe às normas de segurança não é digno da profissão que exerce. “Não se pode mais trabalhar sem seguir estas normas”, afirma. Gorros, luvas, máscaras, lixo hospitalar, torneiras com pedaleira, entre outros itens, são usados rotineiramente na sede da APCD, onde o reforço da importância destes acessórios como indispensáveis à segurança do paciente é feito diariamente. Além disso, Sílvio Hueb conta que estão em plena campanha junto à Prefeitura para conseguir que o recolhimento do lixo hospitalar seja feito de maneira diferenciada. Segundo ele, a Vigilância Sanitária é o órgão responsável pela fiscalização de clínicas e consultórios, a fim de constatar a eficiente utilização dos equipamentos de segurança.


Cuidados no consultório:

>> Luvas de borracha
>> Máscara de proteção bucal e nasal
>> Torneiras com pedaleira
>> Lixeiras apropriadas para separar o lixo hospitalar do comum
>> Autoclaves para esterilização de materiais
>> Produtos descartáveis
>> Asseio e higiene no ambiente como um todo

Pesquisa aponta desconhecimento das medidas:
A consultora em biossegurança, Lusiane Camilo Borges, afirma que recentemente foi realizada uma extensa pesquisa sobre o grau de conhecimento e aplicação da biossegurança pelo cirurgião-dentista. Os resultados apresentados preocupam, já que a grande maioria mostrou desconhecimento sobre a abrangência de medidas de controle dos riscos biológicos a que são submetidos diariamente. Em países desenvolvidos, o cirurgião-dentista é considerado o “médico da boca”, assim como o pediatra é o médico da criança e o cardiologista do coração. Ele segue sua carreira sempre se especializando e desenvolvendo técnicas para prestar serviços cada vez melhor. Porém, nunca deve se esquecer da saúde de seu paciente como um todo, dos riscos de contaminação e infecção aos quais o mesmo pode estar submetido. A verdade é que o trabalho é uma via de mão dupla e, se médico e paciente fizerem seu papel, não haverá razões para maiores preocupações.

Segundo Lusiane Borges, está comprovado que o paciente atendido em condições de proteção biológica, conscientizado pelo profissional dos riscos de contaminação e infecção, jamais se submeterá a um atendimento diferente. Ele, inclusive, se tornará um paciente fiel, que trará outros para o consultório. O empresário Edivaldo dos Santos Amancio, 34 anos, conta que há muitos anos trata com o mesmo dentista e cada vez que viaja e precisa procurar outro profissional sente dificuldades de adaptação. “Procuro estar sempre em dia com o meu tratamento para não ter de enfrentar qualquer dificuldade fora da minha cidade. Acostumei com o meu dentista e nunca me passa pela cabeça procurar outro, pois as condições de limpeza e a preocupação em utilizar material esterilizado é algo impressionante”, diz. A biomédica Lusiane Borges, afirma que a biossegurança é um caminho sem volta e depende de uma mudança de atitude profissional que beneficia a todos: paciente, equipe odontológica e principalmente o cirurgião-dentista, que além de se proteger biologicamente dá um diferencial à sua clínica.

Fonte

Um comentário:

Jorge Ramiro disse...

Parece bom para educar os médicos e hospitais em todo o hospital a presonal para atender as normas de higiene e segurança são regulados por lei. Muitas vezes, não é levado em conta e as condições de higiene em alguns hospitais são insuficientes. Muitas vezes você tem que pensar sobre questões de alergia e inmunologia. Porque a sujeira não só causa infecções, mas as alergias.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...