terça-feira, 10 de agosto de 2010

Xixi: uma aventura feminina

Toda mulher conhece o drama de fazer xixi em banheiros públicos: lugares imundos e apavorantes que fazem com que a gente crie técnicas especiais e soluções mirabolantes para sair ilesa dessa aventura.



Imagine que você está naquele bar, rodeada de papos e chopes e, de repente, não mais que de repente, vem aquela vontade inevitável e quase incontrolável de fazer xixi.

Aí, começa a aventura: desde pequena, toda mulher é condicionada a desbravar banheiros públicos, obscuros, em posições semi-acrobáticas, incorporando uma mistura de Ana Botafogo e Indiana Jones – que aliás, por sorte, faz xixi de pé. Pois é, para mulher, fazer xixi, uma simples necessidade fisiológica, é quase uma arte.

"Os homens não fazem idéia do que é ter que segurar a bolsa com a boca, se equilibrar em posição de agachamento – o que é quase uma ginástica —, se preocupar em não arrastar a barra da calça no chão e, ainda, desenvolver uma técnica especial para apertar o botão da descarga com o pé, afinal esses banheiros são sempre imundos e tenebrosos", protesta a dentista Sheila Machado. A estudante Alana Arruda endossa o coro das descontentes. "Não é uma coisa tão simples, não é só fazer xixi. A gente nem sabe o que pode acontecer lá dentro. É quase uma expedição", diz.




Para fugir do tormento e não usar o amedrontaste banheiro da rodoviária de São Paulo, a jornalista Célia Ribeiro preferiu segurar mais um pouquinho e fazer o seu xixi no sossego de casa. Mas o metrô demorou um pouquinho além da conta e... "Dentro do trem já comecei a sentir um aperto muito grande", lembra. "De repente, pensei comigo: 'não vou conseguir fazer mais nada, estou paralisada'. Só pensava em fazer o meu xixi. Virei para a senhora que estava sentada do meu lado e disse: 'levanta!". Ela perguntou porquê e eu só respondia, cada vez mais desesperada: 'levanta!'. Ela levantou e eu comecei a fazer xixi ali mesmo. Foi terrível, ficou tudo empoçado no banco, mas eu estava quase explodindo", confessa, envergonhada.

"Os banheiros de estrada são os piores", afirma a publicitária Fabiana Ribeiro. E eles pecam não só pela limpeza: "Uma vez, voltando de viagem, parei em um posto de gasolina para fazer xixi. Mas o banheiro estava tão sujo e o cheiro tão insuportável que eu nem consegui entrar. Decidi segurar mais um pouquinho para ir ao posto seguinte. Mas tiveram o mau gosto de colocar uma imagem de São Sebastião dentro do banheiro! Eu, sentada na cabine, e aquele santo me olhando! Peguei papel, voltei pro carro, andei mais uns dez quilômetros, parei na estrada e fiz no acostamento mesmo", conta.

Para a artista plástica Fernanda Maia, sortudos são os homens, que só precisam abrir a braguilha e pronto. "É muito mais prático! Para nós, mulheres, não tem coisa pior. Principalmente depois de umas e outras, ter que se equilibrar para não sentar, ainda se preocupando em não se molhar toda é o que há de mais indigesto", diz. Em alguns lugares isso já não acontece. Por menos de R$ 1,00 qualquer mulher pode fazer xixi de pé. Sob o slogan "Para sua liberdade Total !",
o empresário Marcio Martinho idealizou o WomanFree, um cone de papel descartável com formato anatômico que permite à mulher fazer xixi de pé. O produto começou a ser testado, com sucesso, em banheiros femininos de São Paulo e, desde então, vem aliviando bexigas por todo o país. "Pagaria até mais para poder fazer xixi despreocupada", diz a estudante Bruna Nogueira.

A psicóloga Priscila Oliveira explica que, além dos fatores anatômicos, o lado cultural também é responsável por tanta dificuldade. "A mulher é sempre tida como mais frágil, não pode pegar doenças, não pode se expor. A mãe que leva a filha pequena ao banheiro age de maneira bem diferente da que age com o filho que, por ventura, acabe precisando se sentar. Com ele, a preocupação da mãe está mais ligada em apenas acompanhá-lo. Evidente que há a preocupação com a higiene, mas com a filha existe um ritual e um cuidado muito maior. Isso pode acabar imprimindo até mesmo um trauma".



A cineasta (nome mantido em sigilo) conta que foi exatamente uma situação traumática, assistida por ela, a fonte de inspiração para seu longa metragem "Mar de Rosas", de 1977. "Fazer xixi em público, seja moça, mulher ou menina, é o auge da contravenção!", diz. "Eu tinha uns doze anos e era bandeirante. Uma vez estava em Curitiba, em um acampamento internacional, e teve uma missa campal com o bispo e o governador do Paraná. Tinha uma menina que estava ao meu lado com o missal na mão e eu vi que ela estava meio tremendo. Comentei com uma amiga de infância que estava ao meu lado: 'acho que ela vai ter um treco'. A menina deu um passo a frente, largou o missal, ergueu a saia e fez xixi, na missa campal! Ela foi carregada para fora, uma coisa horrível. O governador viu, o bispo viu. Eu fiquei tão impressionada com aquilo que acabei me inspirando naquela menina para fazer um filme".

A publicitária Gisele Marques também se queixa de outros fatores angustiantes: "O pior é no frio, ter que tirar a roupa toda, meia-calça... Dá uma preguiça insuportável. Só vou quando não agüento mais". Mas o urologista Wagner de Avila alerta que prender o xixi por um longo período de tempo pode acarretar uma série de complicações, muito mais sérias do que qualquer medo de banheiro: "Desde retenção urinária (incapacidade de fazer xixi), dor ao urinar, cistites (inflamações e/ou infecção da bexiga) e até hematúria (urina com sangue)", explica ele. O melhor mesmo é enfrentar o problema. "É muito importante urinar no máximo a cada três horas, pois uma das funções mais importantes da bexiga é o esvaziamento, porque com ele acontece a limpeza das bactérias que, porventura, estejam poluindo o trato urinário ou a vulva", completa a urologista Sylvia Marzano.

O pavor é tanto que até mesmo lendas e mistérios cercam o universo feminino na hora de fazer xixi em lugares públicos. Maria da Penha Gomes, responsável pela manutenção do banheiro feminino do Mercadinho São José, um complexo de bares localizado no bairro de Laranjeiras, na zona sul do Rio, conta que já ouviu histórias dignas de filmes de terror. "Tem a história da mulher que entrou na cabine e nunca mais saiu. E também a da moça que foi se equilibrar para fazer xixi, caiu, quebrou o vaso e perdeu a virgindade. Mas isso tudo é história". Dona Penha conta ainda que costuma notar os hábitos de quem entra e sai do banheiro e afirma que, não raro, passam-se noites inteiras em que, apesar do movimento intenso do banheiro, nenhuma mulher se senta ao vaso. "Que no final das contas acabam ficando limpinhos!", comemora.

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